sábado, 5 de março de 2011

Crônicas de uma Prostituta

Preocupa-me, sobejamente, a glamourização de determinadas condutas moralmente reprováveis.
Causa-me temor assistir a mídia romantizar a prostituição, o tráfico, a ignorância, passando para a juventude uma ideologia de que a vitória pelo mérito, pelo estudo e pelo trabalho honesto não tem valor.
Assisti o filme baseado no livro escrito pelo jornalista Jorge Tarquini sobre a ex-prostituta "Bruna Surfistinha".
Francamente, fiquei muito satisfeito com o trabalho de direção e a atuação de todo o elenco, em especial, da protagonista, Déborah Secco.
O diretor conseguiu exprimir na grande tela todos os lados que a carreira de prostituta tem, indo desde as que se oferecem na rua até aquelas de luxo. Outrossim, trabalhou muito bem o fato de como se esticar a "carreira" pode levar a pessoa ao fundo do poço.
Por sua vez, Déborah passa autencidade e veracidade em sua interpretação, que leva o expectador a viver as angústias e os dramas de uma garota que não sabe quem é e busca sua identidade como garota de programa.
A história de Bruna na tela grande não tem nada de romântica. Mostra uma pessoa em busca de si mesma. Procurando em um prostíbulo aquilo que não encontrava na escola ou em sua família adotiva.
Bruna não tinha ausência de outras pessoas. Tinha ausência de si própria. Não sabia quem era Rachel. Aí criou Bruna. Viveu o auge da fama como a Prostituta que escrevia suas crônicas em um blog, foi corroída pelo vício, afundou, mas encontrou-se como escritora.
Volto ao início do texto. Não foi a fama, a prostituição ou o dinheiro que permitiram que Bruna se encontrar como Rachel. Foi a literatura, a paixão pelas letras e a capacidade de exprimir sob forma de texto seus sentimentos e seu cotidiano, ainda que de forma muito próxima a uma adolescente escrevendo seu diário.
No final das contas, Rachel se descobriu escritora por meio das experiências (boas e más) de Bruna.
Abandonou a prostituição e dedicou-se as outras atividades.
Parabéns!

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