domingo, 26 de junho de 2011

Resgatando um texto publicado no O Globo

Israel e o mundo árabe: existe solução?

Publicada em 13/01/2009 às 15h04m

Artigo do leitor Leonardo Vizeu Figueiredo
 
O mundo assiste perplexo, mais uma vez, as ações militares que Israel empreende na Faixa de Gaza, em resposta a atentados perpetrados por grupos terroristas contra o povo judeu. Diante de tais fatos, a opinião mundial se divide, muitos condenando o governo israelense ante a brutalidade que seu poderio bélico promove, outros condenando a conivência que a autoridade palestina tem em relação a grupos terroristas que fazem, indistintamente, vítimas civis em suas ações contra o Estado de Israel.

Fica a pergunta: existem certos e errados nos lados que se conflitam? Perfazendo-se um exame de todo a história que cerca a questão de árabes e judeus, ambos lados têm seus motivos e suas razões, ambos estão certos e, infelizmente, ambos estão errados. Superada a fase de escolher um lado, a outra pergunta que não se cala é a seguinte: existe solução para a disputa entre árabes e judeus? Penso que sim. Penso que há como se resolver a questão a longo prazo. Não se propõe, no presente, a esquematizar um plano de ação política a ser implementado na região, mas apenas expor humilde e simplória opinião para, quem sabe, colaborar de certa forma com a pacificação de uma das mais conturbadas regiões do mundo.

Inicialmente, com base na experiência brasileira, pode-se afirmar com certeza que é possível a co-existência pacífica de diversas etnias e religiões sob uma mesma base territorial. Mas, como o Brasil conseguiu alcançar tais índices de ecumenismo e tolerância? Em minha simplória opinião, dissociando a educação intelectual da educação religiosa. Em que pese as diversas críticas ao nosso sistema de educação, que tem diversos pontos fracos que precisam urgentemente de melhora, a atividade de ensino intelectual no Brasil é dissociada da formação religiosa, em virtude da adoção de nosso modelo laico de Estado, o que permite que, na mesma sala de aula, crianças das mais diversas etnias e religiões estudem juntas e desenvolvam um sentimento de amizade e companheirismo pelo colega de estudo. No recreio, independentemente de religião ou política, brincam juntas e, na aula de educação física, negros, brancos, amarelos, pardos, católicos, protestantes, espíritas, membros do candomblé e da umbanda fazem parte do mesmo time de futebol e aprendem o sentido de união e equipe que o esporte coletivo promove.

Não posso afirmar com certeza que a co-existência brasileira é fruto exclusivamente disso. Por óbvio, outros fatores influenciam, tais como nossa aceitação à miscigenação e à diversidade cultural e racial de nossa colonização. Como disse, não tenho a pretensão de apresentar a fórmula mágica para a pacificação da Palestina. Todavia, se a educação das crianças daquela região for totalmente dissociada de sua formação religiosa, o mundo assistiria árabes e judeus estudando juntos na mesma sala de aula, crescendo, aprendendo, trocando experiências, namorando, enfim, convivendo.

A segregação, seja racial, seja religiosa, promove, tão-somente, a intolerância com o que é diferente. Se as autoridades israelenses e árabes permitissem que seus filhos estudassem juntos, em um ambiente onde se aprende, tão-somente, as matérias essenciais para a formação intelectual da criança, reservando a educação religiosa apenas para o templo, talvez se criasse uma geração de árabes e judeus amigos, que se lembrassem que, quando eram crianças, já jogaram bola no mesmo time, já defenderam a mesma equipe, já trabalharam no mesmo projeto de ciência, já compartilharam vitórias e derrotas, já foram (e quem sabe ainda serão) amigos.

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